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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Cap.3 - Uma grande alegria e uma perda ainda maior

Lá para os meados de setembro - poucas semanas antes de nossa Travessia - tivemos uma grata surpresa: o Niltão, companheiro de inúmeros anos de travessias e nosso barqueiro indispensável na Travessia 14 Bis, programou uma viagem para Alagoas com sua esposa - a Santa Cristina (depois eu explico o qualificador "Santa") - para conhecer a região e, de quebra, nos acompanhar como barqueiro em nosso projeto.
Aquilo foi um empurrão e tanto. Em primeiro lugar, por que pro Niltão não tem mau tempo nunca. Ele é uma pessoa que, com seu entusiasmo, consegue incendiar o grupo e levantar a moral de todos seus componentes. Imediatamente começamos a expandir nossos planos para a prova: eu busquei um serviço de transmissão de imagens ao vivo pela internet (Livestream), contratei um baita plano de banda larga para transmissão em tempo real, fizemos testes de funcionamento do sistema, discutimos as rotinas diárias de acompanhamento dos atletas - enfim, estávamos trabalhando a todo vapor para assegurar a experiência mais agradável possível nas duras horas que teríamos pela frente.
O Niltão não somente seria capaz de orientar os recursos em terra para a consecução de nossos objetivos, ele teria a condição de guiar, como ninguém, os barcos de apoio durante a prova assim como agregar novas funções ao grupo (como a filmagem e transmissão ao vivo). Isto sem contar o seu voto de confiança a um grupo do qual ele conhecia apenas a mim e ao Foschini com maior proximidade.
Posso dizer que, com seus 110 Kg de simpatia, o Niltão seria uma presença DE PESO no grupo.
Assim aconteceu de nos encontrarmos já em Alagoas para um almoço na véspera de nosso traslado até a cidade de Piranhas. Estávamos reunidos na casa do Foschini, onde a Santa Mara Foschini (depois eu explico também este qualificador "Santa") nos ofereceu uma recepção calorosa e inesquecível.
Se o Foschini nadasse tudo o que a Mara cozinha, ele seria um Michael Phelps da terceira idade. Rsrs

Eita turminha boa de garfo, sô!

Até então estávamos preocupados com os aparatos para uma travessia deste porte: alimentos para os atletas (sobre os quais não havia consenso do grupo - cada um tinha seu cardápio e não havia jeito de unificar as posições a respeito), acondicionamento e manutenção dos alimentos (eu mesmo levei uma grande sacola térmica que foi indispensável para manter a malto numa temperatura agradável), alimentação para a equipe de apoio nos barcos, sinalizadores de emergência, lâmpadas químicas para nado noturno, lanterna de alta potência, rádios comunicadores, protetor solar, etc. Isto sem contar com os aparatos tecnológicos para transmissão ao vivo do evento. Eu não queria contar com a sorte - afinal, esperávamos que os bombeiros que nos acompanhassem apresentassem alguns destes recursos - essenciais para a segurança do nadador. Mas minha decisão de investir nestes itens foi acertada - não havia recursos disponíveis no local e tudo o que foi previsto foi absolutamente essencial para garantir a segurança e, por consequência, o sucesso de nossa empreitada.
Estávamos entrando no clima da prova, quando os primeiros problemas começaram a aparecer. A Prefeitura de Piranhas agendou a van para nos pegar em Maceió com meio dia de atraso. Nessas condições, chegaríamos a Piranhas no iníco da noite para iniciarmos a travessia na manhã seguinte. Não haveria condições de descanso. O outro furo foi que a Santa Mara não iria nos acompanhar em nossa viagem, o que deixava a Santa Cristina sozinha (ou minimamente desacompanhada de seu marido) durante os 5 dias seguintes, previstos para suas férias na região.
A situação começou a ficar crítica. Na noite que antecedia nossa viagem não dispúnhamos de meios para chegar a Piranhas. Estávamos eu, o Foschini, o Niltão e santa esposa no saguão do hotel até altas horas da noite para equacionar via telefone com o Secretário de Turismo de Piranhas - conhecido como Cacau - o nosso traslado. Após horas de tentativas ficou combinado que alugaríamos uma van (ou um táxi) e que a Prefeitura de Piranhas nos reembolsaria a posteriori. Por sorte, quis o destino que conseguíssemos apenas um táxi - menos caro - pois a Prefeitura nunca nos reembolsou nada, ficando somente na promessa.
A esta altura, o Niltão percebeu que o nível de organização na região estava seriamente comprometido e que ele não aceitaria ficar separado de sua esposa durante a viagem. Foi então que ele tomou a sábia e acertada decisão de não acompanhar mais o grupo. Ele estava acostumado a um nível de organização muito mais elaborado, com o da Atlantis na 14 Bis e sabia que ainda viria chumbo grosso pela frente. Infelizmente ele estava certo - e eu sabia disso!
Aquilo foi um baque psicológico muito forte, mas eu o apoiei em sua decisão. Nós teríamos que nos virar com o que tínhamos disponível. Completar a travessia sem o Niltão ainda seria possível, mas não teria a mesma magia nem a mesma repercussão.
Os problemas de nosso Big Brother Alagoas haviam apenas começado...

4 comentários:

  1. A Prefeitura de Piranhas realmente deixou a desejar...mas nas outras cidade tivemos uma recepção calorosa que fez com que cada situação de estresse por que passamos tenha valido a pena.
    Pra completar o comentário, perdemos o Niltão, mas para nosso alento, ganhamos o "Santo Lourival", ou melhor "Santo Eugênio", que com sua simplicidade foi fundamental para o sucesso da travessia. Como diz o ditado: "Deus escreve certo por linhas tortas", o Eugênio que nunca entrou em uma piscina, não sabia nem sequer o que era uma Travessia, tinha ido com o intuito de pescar no Rio São Francisco, acabou sendo protagonista em nossa rede de apoio. Ah, só para ele não ficar muito envaidecido, durante toda estada dele em Maceió e região, não conseguiu pescar um só peixe. Excelente apoio, Péssimo pescador...

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  2. Sabe, Alexandre - quero dizer, Alessandro! Rsrsrs. Eu só tenho a agradecer a todas as prefeituras locais - inclusive a de Piranhas. Tivemos um pequeno problema financeiro de não reembolso de algumas despesas combinadas - das quais eu fui o maior prejudicado - mas temos que reconhecer que fomos bem tratados por seus governantes e extremamente bem acolhidos por seu povo.
    Também só tenho a agradecer ao Eugênio por sua atenção para conosco. Os peixes também agradecem, uma vez que ele não pegou nenhum. Rsrsrs.

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  3. Nossa...Tenho a impressão que o pessoal que habita as cercanias do famoso Chico é um tanto quanto descompromissado. O Sr.Eugenio saí pra pescar e deixa a mulher sem a mistura ? Ele ficou os 4 dias com vocês?

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  4. O Eugênio é um mineirinho da terra do Alessandro. Acho que um deles pode falar melhor a respeito! Rsrsrs

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