Poucos dias antes de nossa viagem a Alagoas para nossa grande Travessia, havíamos tido poucas chances de exercitar o espírito de equipe. Desde a ideia inicial do projeto até sua materialização foram apenas cerca de 4 meses. Neste pouco tempo, pudemos estar juntos apenas em duplas e em pouquíssimas ocasiões.
Eu e o Foschini visitamos algumas cidades da região em Alagoas cerca de dois meses antes da prova para contatar autoridades e conhecer minimamente as condições do rio. Eu e o Fabio nos encontramos uma manhã em Copacabana para um treino rápido de 40 minutos. O Alessandro e o Fabio treinaram uma manhã e uma tarde juntos na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. O Fabio e o Foschini fizeram um treino em mar já em Maceió e nadaram alguns poucos dias em piscina por lá.
Não tivemos a oportunidade de treinar todos juntos nem mesmo uma vez - e isso fez falta lá na frente, na hora do "vamos ver".
No entanto, o grupo mostrava muita força de vontade e buscava a coesão, apesar destas dificuldades. Trocávamos emails com treinos e experiências. No entanto, um de nossos colegas - o Tiago Sato de Brasília - estava com dificuldades para conseguir pagar por sua viagem (ele nos dizia que só iria se conseguisse um patrocinador) e, sem um horizonte de possibilidades, não treinou e não se envolveu no mesmo clima do restante do grupo. Enquanto alguns relatavam entusiasmo e bons resultados em seus treinos, o Sato relatava que "... não estava treinando nada", que nem sabia se conseguiria participar.
Isso o distanciou bastante dos objetivos do grupo e, ao final, não foi possível levá-lo. Foi um desgaste, mas acabou sendo uma decisão acertada. Afinal, uma prova deste calibre não é um passeio e demanda muita responsabilidade para que seja bem sucedida. Como disse o Foschini:
"Quem não treinar sério não vai conseguir terminar a prova." Infelizmente ele estava absolutamente correto ao afirmar isso - e eu concordava plenamente com ele -, como mostraremos adiante, na descrição em maiores detalhes desta prova.
Assim, fomos apenas quatro nadadores que viajamos até Piranhas para iniciar nosso projeto. Em Piranhas, conhecemos o Rodrigo, apelidado de "Tarzan do Cangaço", que se juntou ao grupo de última hora e que será descrito nos próximos capítulos. Mas ainda estávamos em busca da equipe ideal. Aquela que trabalha por um mesmo objetivo e pensa no grupo em primeiro lugar.
A meu ver, este foi o grande ponto de melhoria observado na inesquecível experiência que esta prova representou para todos nós. Se me perguntassem o que deveria ser mudado na organização de um evento assim, eu afirmaria sem titubear: "Forme uma equipe, exercite o espírito de união social e evite (ou pelo menos minimize) o efeito Big Brother durante a prova."
Vamos entender, nos próximos textos, como tudo se passou.
Cinco destemidos nadadores encaram o desafio de nadar 170 km no Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe. Sem se deixar esmorecer pelos fortes redemoinhos e pelas altas ondas provocadas pelo vento terral, eles têm boas histórias para contar. Em meio a um povo humilde e hospitaleiro, marcado por uma forte diferença social eles cumprem seu objetivo: evidenciar a necessidade de preservação do rio e de seu ecossistema. Embarque nesta aventura!
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Percival...eu sei que tenho que ter paciência e que vc vai relatar tudinho, mas em relação ao ritmo de cada um,como foi a decisão? Formaram o grupo levando em conta esse quesito?
ResponderExcluirDeixa eu me intrometer um pouquinho...
ResponderExcluirNa verdade só fomos de fato um grupo coeso no último dia quando por determinação dos Bombeiros a alimentação de todos os nadadores ficariam em um único barco.
O que havia sido pré determinado é que nadariam juntos Edmundo e Percival, e formaríamos um segundo grupo eu e o Fábio (o Tarzam posteriormente passou a integrar esse grupo). Depois de alguns desencontros, na 3ª etapa definimos que eu nadaria junto do Edmundo (pretencioso eu...), o que na prática não deu certo, pois fiquei para trás e nadei por 3 horas sem se alimentar, isso quebrou todo meu ritmo de prova e fez com que esse fosse meu pior dia, nas últimas horas dessa etapa contei com a companhia solidária do Percival que me "escoltou" até o final, enquanto o Edmundo dava um "côro" no Fabinho e chegava na frente.
Resumindo: Fomos uma equipe unida somente quando mexeram no nosso estômago...
Hahaha. Gostei! Os comentários do Alessandro anteciparam uma parte da novela que comecei a contar. Mas são absolutamente verdadeiros.
ResponderExcluirSem dúvidas, Lucia, o ritmo de nado era algo que nos preocupava, e bastante. Por essa razão, havíamos decidido nadar em dois grupos, conforme descrito pelo Alessandro.
Mas as variações de um dia para outro - nas condições do rio e nos relacionamentos do grupo - nos fizeram adotar agrupamentos distintos a cada dia. Isso dá uma novela na Globo. Precisamos achar uma nadadora chamada Carminha, pra jogar a culpa toda nela. Rsrsrs.
Nooossa...Tenho certeza que a minha admiração por vcs crescerá a cada capítulo.
ResponderExcluirPercival...esse conta gotas não pode ser acelerado???...rsrsr